A Arquitetura da Destruição – Peter Cohen (Excertos)
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Produzido e dirigido pelo cineasta sueco Peter Cohen em 1989, esse documentário é sensacional e aborda o uso da arte e da estética pela Alemanha nazista.Esse post traz trechos, infos e pensamentos, mas de maneira alguma substitui a importância de assistir o doc.
O Nacional-Socialismo (Nazismo) apresenta ideias estéticos de pureza e tem como características a profunda rejeição sexual como política de Estado. O sonho nazista era criar, através da pureza, um lugar mais harmonioso diante de um mundo prestes a ruir. Ele se imbuía da prepotência de saber as causas do mal social e do mundo e como erradicá-las. O Nazismo se considerava portador dos sonhos de seu povo.
Hitler tinha uma profunda frustração com a arte. Ele queria ser pintor e arquiteto e tinha planos de se dedicar a isso quando a guerra acabasse. Ele costumava pintar cartões em aquarela. Ele era um homem cheio de obsessões, e com relação à arte, destacam-se: sua cidade natal Linz, a Antiguidade e Wagner. Hitler dizia que só quem conhecesse Wagner poderia entender o Nazismo. Ele fantasiava em compor óperas ainda mais extravagantes que Wagner… Hitler percebia nas obras de seu ídolo o antissemitismo, o culto ao legado nórdico e o mito do sangue puro – a música wagneriana o inspirava com ideias para uma nova civilização em que o Estado Novo uniria vida e arte.
Hitler extravazava seus “dons artísticos” na propaganda do partido nazista. A insígnia do partido foi criada por ele em 1923. Ele também foi o criador de peças de propaganda, uniformes, bandeiras e estandartes nazistas. Em 1933, Hitler alcança o poder e começam as denúncias e perseguições sobre o que seria nomeado como “arte degenerada” . A arte de vanguarda, para os nazistas, era o presságio de um destino; o caos que viam era uma evidência da depravação espiritual e intelectual da época.
A ofensiva contra a arte moderna teve um caráter higienista. Segundo eles, era possível ver nessas obras de arte indícios da degeneração mental dos criadores. Muitos teóricos defenderam essa ideia: Paul Shultzel-Naumburg fazia palestras pelo país todo, comparando apontando as deformações artísticas com fotos de doentes de revistas médicas. “A arte é o espelho da saúde mental” – dizia Schutzel.
Em 1933, uma lei é sancionada, obrigando a esterilização de doentes devido à hereditariedade. Judeus, miscigenado e degenerados prejudicam a realização da pureza racial. Raça e cultura estavam diretamente ligadas, “o maior princípio da beleza é a saúde” – dizia Hitler.
Problemas estéticos indicam problemas médicos, e a medicina iria garantir essa pureza. O médico passa a ser então um perito na estética. Todas essas afirmações prenunciaram a intenção de implementar políticas de extermínio de massa.
O médico deixou de estar a serviço do indivíduo para estar a serviço do “corpo do povo”. “Corpo do povo” é esse mito alemão, essa identificação artificial de que toda uma massa humana é vista como um corpo. Muitos médicos acreditavam que a melhor raça governaria a Terra, 45% de tds os médicos da Alemanha eram do Partido Nazista. Havia esse profundo desejo de criar o novo homem alemão.
Em 1935, Hitler expressa no Partido seu desejo de eliminar os “doentes incuráveis”. O casamento entre alemães e judeus começa a ser proibido.
“Tudo o que é inviável na natureza perece. Nós, humanos, pecamos contra a lei da seleção natural. Aceitamos e encorajamos a propagação de formas de vida inferiores. Essas pessoas doentes são assim. Milhares de indivíduos que são inferiores aos animais precisam ser alimentados e cuidados.” – dizia um filme de sucesso na Alemanha.
O embelezamento do mundo é um princípio nazista. A miscigenação e a degeneração poluem o mundo.
Paul Shultzel-Naumburg fazia palestras pelo país todo, comparando as deformações artísticas com fotos de doentes de revistas médicas. “A arte é o espelho da saúde mental” – dizia Schutzel.
Geli Haudel, sua sobrinha e única mulher próxima a ele, suicida-se em 1931. Hitler tinha muitos de seus retratos, apresentando uma intelectualidade limitada. Hitler também começa a elaborar croquis para uma nova chancelaria, ele planejava 40 novas cidades com esse novo tipo de arquitetura!
A ambição nazista de embelezamento englobava todas as áreas da sociedade. E limpeza era sinônimo de beleza.
Hitler visualizava sua cidade natal, Linz, como o centro cultural do mundo.
As preferências artísticas de Hitler eram clássicas. Uma vez ele descreveu Esparta como o “Estado de raça mais pura” e Roma Antiga como a “República mais poderosa que já existiu”. Também dizia coisas como: “sinto-me como o Robert Koch da Política. Ele descobriu um bacilo e mudou a medicina”, ou ainda, “devemos continuar a luta de Pasteur e Koch”.
Ele prezava por edificações gigantes. A janela de sua casa de campo era enorme e proporcionava uma vista gigantesca dos Alpes. A representação preferida de Hitler eram os cenários montanhosos.
A estética foi o motor de uma absurda ideologia que jogou a todos numa realidade infernal.