Amei o livro. Amo o jeito como a Marie-Louise von Franz escreve, sempre com simplicidade e profundidade sobre qualquer tema, seja simples ou complexo.
O gato é um conto de fadas romeno que a von Franz esmiuçou com toda a sua erudição. Ela pacientemente desembaraçou os fios narrativos e discorreu sobre as imagens simbólicas penduradas neles. Trago aqui um breve trecho que não chega a fazer jus ao conto e a análise absolutamente deliciosos:
“Uma das coisas mais impressionantes sobre o gato como símbolo é sua ambivalência. Assim como a serpente, o gato oscila entre a bondade e a maldade. Historicamente, o gato começou a receber atribuições de poder arquetípico quando os egípcios resolveram considerá-lo sagrado. O gato foi consagrado a Ísis, mas foi como filha de Ísis e de Osíris que a grande deusa-gato Bastet surgiu na 22a. Dinastia e se elevou acima das demais deusas. Tbm era identificada com o deus Rá, deus da Vida, as pessoas acreditavam que o Sol-gato se envolvia todas as noites numa luta de proporções cósmicas com Apófis, a serpente das trevas. Mas no período recente do Egito, que o gato era tido como lunar, Bastet e Ártemis, a deusa-virgem do panteão grego, foram sincretizadas…
Um gato pode ser preto ou branco. Hécate, o lado malévolo do feminino, a bruxa, a Mãe Terrível responsável pela loucura e obsessão tbm se tornou gato. Na Idade Média se dizia que alguma mulheres poderiam introduzir suas almas dentro do gato preto, eram chamadas de bruxas. No entanto, a gata branca era um agente de cura.” (p.69-71 alterado)
O gato não é só um conto da redenção feminina, é um conto que trata da renovação da vida.
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