O Negrinho do Pastoreio e sua Origem
#diadaconsciencianegra #estória #protagonismo #protagonismoliterario

Hoje é dia da Consciência Negra e quero trazer pra vcs de uma forma bem leve um conto brasileiro bem popular, mas que talvez alguns não conheçam. Há diversas versões, mas essa foi a que escolhi:

“Reza a lenda que, ainda no tempo da escravidão do Brasil, havia um pequeno escravo que costumava cuidar dos cavalos de um senhor bem cruel.
Um dia, ao retornar com a tropa, o fazendeiro sentiu falta de um cavalo baio e resolveu castigar o menino com muitas chibatadas. Depois, vendo que o Negrinho estava morto, lançou o corpinho da criança num grande formigueiro que havia no pasto.
Entretanto, no dia seguinte, o fazendeiro se depara com a criança e fica perplexo, pois ela estava saudável e feliz, sem nenhum ferimento. Ela vinha montada no cavalo perdido ao lado da Virgem Maria que agora iria cuidar do Negrinho.
Dizem que se algum objeto estiver perdido, é só acender uma vela pro Negrinho do Pastoreio perto de um formigueiro.”

A Origem
Existem registros escritos da lenda e o mais antigo, segundo o historiador Elomar Tambara, da Universidade Federal de Pelotas, é de 1857.
No Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, António Maria do Amaral Ribeiro, vice-cônsul de Portugal no Brasil na época do Império, chama de “absurda”, “ridícula” e “exótica” a “superstição” que ele conheceu quando esteve na antiga Província do Rio Grande do Sul.
Era comum, segundo ele, encontrar à noite tocos de velas acesas em lugares pouco frequentados, geralmente nos cantinhos dos quintais. Os responsáveis pelo pequeno ritual eram escravos que pediam ao “Crioulinho do Pastoreio” para amansar seus senhores.
Era um negrinho crioulo, escravo de um mau senhor, que lhe dava um punhado de farinha para ele comer por dia, com a obrigação de trazer a mesma porção quando regressasse de apascentar [pastorear] o gado, e a quem este, para o livrar das sevícias [castigos] de seu senhor, não só subministrava a farinha precisa para viver e levar para casa, como também por ele cumpria a tarefa que lhe era imposta! Ouvireis a tia Rosa nos seus cantares descrever os tratos que ao Crioulinho do Pastoreio aplicava seu mau senhor, como o fazê-lo dormir sobre um formigueiro!

Viu como a versão mais antiga é diferente?
O Negrinho não comete nenhuma falta, não perde nenhum cavalo, tampouco há referências ao catolicismo ou a divindades de outras crenças. Trata-se de uma estória que fazia parte da cultura dos escravos africanos num contexto de violência, privação e exploração que caracterizou o longo período da escravidão no Brasil.

🐜Fontes 🐜🐜:
🔸️https://www.todamateria.com.br/negrinho-do-pastoreio/
🔸️https://www.hipercultura.com/lenda-negrinho-pastoreio-versoes/amp/

Compartilhar

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Rolar para cima