Os Dez Touros (uma estória Zen)
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“A estória ‘Os Dez Touros’ conta a História da experiência humana.” (Palestra Nova Acropole)
“Apascentar o boi é um símbolo antigo no Zen. Há dez figuras na China e gostaria que você entendesse essas dez figuras.” (Osho)
As dez figuras do boiadeiro é uma conhecida representação Zen do treinamento da mente, tão simples que deveria ser tomada como fundamento por todas as escolas budistas. Na tradição tibetana há algo semelhante com o domar de um elefante, mas se refere especificamente apenas à prática de shamatha (meditação). O simbolismo não vai além do montar o elefante. Nas figuras do boiadeiro, o processo evolutivo de domar o touro é muito semelhante à visão Vajrayana (budismo tibetano) da transmutação da energia.
1. Em busca do boi
O boi está perdido. O homem está perdido também, pois está apenas parado, olhando na mata densa e não consegue ter pistas do paradeiro do animal. Está ficando tarde, o sol está se pondo; logo será noite e, ficará cada vez mais difícil achá-lo. Somos o boi e o homem. Temos um lado animalesco e um lado humano. Quem está mais forte e quem você alimenta mais?
2. Descobrindo pegadas.
Há uma centelha de ânimo, há uma pista.Pelas pegadas se conhece o animal, pelos frutos se conhece a árvore e pelas obras se conhece o homem.
3. Vislumbrando o boi.
A constatação de que o boi é maia forte e não será fácil sua dominação. As constatações vêm da experiência e do confronto de vontades. As teorias são colocadas à prova e a autoimagem é arranhada.
4. Agarrar o boi
O homem tem uma visão mais realista e completa do boi. Talvez aqui aconteça o trabalho de desidentificação (ver uma emoção ou um pensamento de fora). A única coisa que garantirá a sua vitória é a não desistência. Trata-se de uma luta interior, a morte no Oriente significa Domínio e Superação. Qual será a sua estratégia de domínio? Amarrar suas patas (os pilares, os valores que sustentam o animal)? Sufocando-o, tirando-lhe o ar (o ar pode representar o elemento emocional)?
5. Domar o Boi.
Sucesso. Ele pega o boi pelos chifres. É uma grande luta levá-lo de volta para casa. Necessário atenção, disciplina constantes com chicote e corda nas mãos. Esse é um estado de harmonia entre quem manda e quem obedece; estado de equilíbrio entre o lado animal e o humano. No entanto exige-se atenção.Cuide de seus mortos para que não se levantem do túmulo!
6. Cavalgar o boi
O homem quer e o boi faz! Ele está montado no boi com total confiança. Ele toca em sua flauta a canção da vida. Dharma é a canção da vida e todas as coisas estão alinhadas às leis do Universo.Pleno e perfeito equilíbrio entre quem manda e quem obedece.
7. Boi transcendido
O homem encontra-se com sua essência espiritual. Há uma saudade que dói no coração, é a dor sagrada de casa. Existe uma ponte que liga a essência do homem ao mundo espiritual que na tradição indiana se chama Antakarana.
8. Boi e Eu transcendidos.
Uma moldura vazia – não há nada pintado ali. A ilusão da separatividade se desvaneceu. Há a constatação: “eu sou uma essência espiritual que domina isso. Eu domino o touro.” A gota d’água encontra o oceano.
9. Alcançando a fonte.
Essa décima figura causou uma grande controvérsia que se estendeu por dois mil anos. A maior seita budista, mahayana, acredita que a nona seja a última figura, pois representa a não-mente e que você atingiu o objetivo. A série inteira de figuras representa a sua busca pelo seu eu interior até o nirvana, estágio de silêncio e paz imensos. Mas, inadvertidamente, o eu vai para a nona figura! Mas uma pequena seita zen acreditam na nona e na décima figura também. Dizem que, quando alguém se torna iluminado, esse não é o final, mas sim o ponto mais elevado da consciência, o maior feito… No entanto é preciso voltar para o mundo humano, ao mundo comum e despertar os outros para a busca. A ideia de libertação individual para a essência humana não existe. Quem foi à fonte da realidade, volta por compaixão aos homens perdidos. Segundo o blog Ventos de Paz, apenas as nove primeiras figuras foram levadas para o Japão, há uns mil e duzentos ou mil e trezentos anos… Muito tempo depois, foi descoberta a décima na China, a que causava certo incômodo.
Fontes:
Palestra Nova Acropole – A Evolução Humana segundo a Tradição Oriental Zen (do sábio ao homem completo)
Blog Ventos da Paz
Blog Budismo Petrópolis https://budismopetropolis.wordpress.com/…/domando-a-mente/