Trechos de Reparação, romance vencedor do Book Prizer (Ian McEwan)
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“(…) uma história era uma forma de telepatia. Por meio de símbolos traçados com tinta numa página, ela conseguia transmitir pensamentos e sentimentos da sua mente para a mente de seu leitor. Era um processo mágico, tão corriqueiro que ninguém parava para pensar e se admirar. Ler uma frase e entendê-la era a mesma coisa; era como dobrar o dedo, não havia intermediação. Não havia um hiato durante o qual os símbolos eram decifrados. A gente via a palavra castelo e pronto, lá estava ele (…).”(p.51)

Pela primeira vez se deu conta, de modo ainda tímido, de que para ela agora não poderia mais haver castelos nem princesas como nas estórias de fadas, e sim a estranheza do aqui agora, o que se passava entre as pessoas, as pessoas comuns que ela conhecia, e o poder que uma tinha sobre a outra, e como era fácil entender tudo errado, completamente errado. (p.53)

“Briony jamais perdera aquele prazer infantil de ver páginas cobertas com sua própria letra.” (p.?)

“(…) ele seria um médico melhor por ter estudado literatura. Que leituras aprofundadas a sua sensibilidade refinada não faria do sofrimento humano, da autodestruição ou do azar que leva os homens à doença! Nascimento, morte e, entre os dois, a enfermidade. Ascensão e queda esse era o tema do médico, e da literatura também.” (p.?)

“Cecilia era familiar como uma irmã, exótica como uma amante; ele sempre a conhecera, ele não sabia nada sobre ela; ela era feia, ela era bela; era forte (…).”(p.?)

“Seis décadas depois, ela mostraria como, aos treze anos de idade, havia atravessado com seus escritos, toda uma história da literatura, começando com as histórias baseadas na tradição folclórica europeia, passando pelo drama com intenção moral simples, até chegar a um realismo psicológico imparcial que descobrira sozinha numa manhã específica, durante uma onda de calor em 1935.”(p.55)
“Responsabilizar-se por alguém, mesmo por uma criatura como um cavalo ou um cão, não seria uma coisa fundamentalmente incompatível com a febril jornada da literatura?” (p.192)

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