Quando a Mulher Fica por Dentro de uma Livraria
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Fábulas da mulher moderna (…) Escrava da Moda (…) Boa de cama (…) Virgem acidental (…) Terrivelmente rica (…) Dicionário das relações fracassadas, 26 histórias de amor que não deu certo (…) A loura dominadora (…) O bar da última chance (…) Sushi para principiantes. Todos prometiam “muita diversão”, eram “engraçados” ou “engraçadíssimos” diziam às leitoras que “nunca haviam rido tanto”, que iam seguramente “morrer de rir” com aquele título. Ninguém nos prometia gargalhadas quando, nas décadas de 70 e 80, procurávamos nas livrarias os títulos que continham a modernidade do feminino. Não esperávamos que Simone de Beauvoir fosse hilária, nem que Kate Millet, Gloria Steinem ou Shulamith Firestone nos fizessem rolar pelo tapete de tanto rir. (…) E a nova maneira de ser mulher era sair daquele mundo lacrado ao qual estávamos confinadas para conquistar o espaço maior do coletivo. Era pensar o feminino em termos sociais. Entrar na livraria e buscar a seção “mulher” equivalia a um entusiasmante encontro marcado de antropologia, sociologia, história, psicologia. (…) E as mulheres foram transferidas para a seção “Comportamento”, uma vaga mistura de auto-ajuda e aconselhamento amoroso. A palavra de ordem que era Refletir foi trocada. A que vigora é Divertir -se. E, se antes refletíamos sobre nossa condição, agora rimos dela. Rir é muito bom. Rir de si mesmo pode ser extremamente saudável, uma demonstração de senso crítico. Rir, porém, pode ser uma forma de manter-se fora das situações, evitar o envolvimento. Não vamos rir para sempre, não há maxilar que aguente. Nosso riso atual é apenas um provável pit-stop histórico entre uma reflexão e outra, entre uma e outra luta crítica em busca de melhoria.
📖 Trechos do ensaio da Marina Colasanti “Rir Pode Não Ser o Melhor Remédio.”
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