Moda é Arte e Ponto Final (Por Fellipe Mion)
#pensamentos#moda#protagonismo
“Antes do aparecimento do filme, do romance ou da peça de teatro, a imprensa, o cartaz já terão preparado a atmosfera emocional que vai, certamente, assegurar o sucesso editorial ou de bilheteria. ” (O Espírito das Roupas – Gilda de Mello e Souza)No trecho acima, Gilda faz desmoronar quaisquer argumentos de que a Moda não faria parte do mundo das artes por ter um viés mercantil. Em junho, durante nossa aula de História da Moda, comecei a me perguntar por que a discussão, sendo que moda é arte e ponto final. Outros temas me vieram à cabeça junto a isso: a sobreposição de tecidos do Egito, Grécia e Roma e poucas distinções das vestimentas femininas e masculinas; a menção de que somente determinadas pessoas da realeza poderiam usar determinados artigos e que tais regras permaneciam e ganhavam a boa opinião pública como a do salto vermelho de Luís XIV; também da inclusão da palavra “moda” no dicionário durante o Renascimento; a valorização do uso das roupas por meio das leis quando essas faziam parte quase que exclusivamente do mundo masculino e a ausência de sua importância quando passam a ser próprio da temática do feminino, etc!!! No entanto, falar sobre moda como sendo algo que pertence ao mundo artístico, para mim, é óbvio. Estudei enfermagem e medicina, naveguei por definições dessas duas profissões, seus discursos e autodefesas dentro das Ciências da Saúde, são sentenças redutivas, muito abominadas por professores e estudantes veteranos, como essas: “A enfermagem é a arte do cuidar”“A medicina é a arte do curar”Não há nada de artístico nas Ciências da Saúde pois, para que evoluam, existem etapas criteriosas e uma das mais importante é o método científico – dividido em 7 fases, mas que não explanarei aqui.A vulgarização da palavra “arte”, incluída nas definições das das profissões nas Ciências da Saúde, teria levado a nação a ouvir conselhos clínicos de um político e não de um cientista. Caracterizar Ciências da Saúde como arte é perigoso e mortal. Voltemos ao Mundo da Moda. Ao contrário da Medicina ou da Enfermagem, o Mundo Fashion é cheio de subjetividades, inclusive, sua própria história pode ser contada, que em termos não-cronológicos. A Moda se alimenta de tudo o que está ao seu redor e, em suas muitas etapas artísticas, se torna una. O medo que senti de estar usando uma camiseta vermelha, comprada num gift shop de algum museu da Grécia, perante pessoas que vinham em minha direção vestidas de verde e amarelo num ambiente de pós-impeachment da Dilma… Isso é subjetividade. A Moda joga com as subjetividades de uma forma que as Ciências jamais poderiam copiar. Classificar a Medicina como “a arte de curar” é uma ofensa à classe médica, classificar a Moda como “o método de montar uma roupa” é igualmente ofensivo aos grandes artistas da moda. Nenhum destes pensamentos seriam possíveis sem as aulas ministradas pela professora Suzana Avelar, a quem dedico este pequeno ensaio. Obrigado à mana, Luciana Mion, por me ajudar a expressar da melhor forma as minhas idéias nesse texto.
The artist’s studio, 1898 (Charles N. Kennedy)