Diálogos do filme As Invasões Bárbaras

Remy – Você não dá muita importância à vida, dá?
Nathalie – Na verdade, não.
Remy – Eu era como você na sua idade. Podia morrer a qualquer minuto. Pouco me importava. É por isso que os jovens dão os melhores mártires. É paradoxal, quando envelhecemos é que nos apegamos à vida. Quando começamos a subtrair: me restam 20 anos, 15 anos, 10. Quando sabemos que é a última vez que fazemos alguma coisa. É a última vez que compro um carro, a última vez que vejo Gênova, Barcelona.
Nathalie – Não viverei tanto tempo.
Remy – Como pode saber?
Nathalie – Overdoses são freqüentes, sabia?
Remy – Nem isso você pode prever. Talvez pare e viva até ficar bem velhinha. Não entendemos o passado, como podemos prever o futuro. Ninguém nunca sabe o que vai acontecer. Exceto eu, agora. Eu sei.
Nathalie – Sente medo?
Remy – Claro que sim. Não quero deixar a vida. Não pode imaginar como a amei.
Nathalie – E o que tanto amou?
Remy – Tudo. O vinho, os livros, a música, as mulheres, principalmente as mulheres. Seus cheiros, sua boca, a maciez da sua pele. Nathalie – Conheceu muitas?
Remy – Sim
Nathalie – Com o tempo, não começam a se parecerem umas com as outras?
Remy – Sim, um pouco. Mas nunca me cansei delas.
Nathalie – Continua um sedutor?
Remy – Não. Com a idade não é mais a mesma coisa.
Nathalie – Mas ainda pode beber vinho.
Remy – Infelizmente meu fígado não permite.
Nathalie – E as viagens que queria fazer, você fez?
Remy – Hoje em dia, há turistas demais em toda parte.
Nathalie – Não é sua vida atual que você não quer deixar. É a sua vida passada. E essa já está morta.

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