Em torno do nome de Antônio começou a tecer-se uma auréola de fatalidade. Sintomas sinistros foram o prelúdio de coisas ainda mais terríveis! Nas margens do Adriático uma cidade colonizada por Antônio foi engolida por gigantescas crateras que se abriram de repente na terra. De certas estátuas que os cidadãos de Alba haviam erigido em honra a Antônio brotou durante vários dias um suor muito estranho, que não secava por mais que o limpassem. Em Atenas uma borrasca estremecedora derrubou os colossos de Eumenes e Átalo, que continham inscrições de Antônio. Até seus deuses protetores receberam o castigo de algum fado adverso, pois o Templo de Hércules, em Patras, foi incendiado por dois raios que rasgaram o céu em plena luz do sol, e em Atenas um furacão mortífero arrancou do chão a estátua de Dionísio. Mas tudo era obra dos deuses que habitam além das nuvens, porque o furor de Roma não precisava de artifícios para manifestar-se. (p.277) Por que a Fortuna se aliou aos deuses da guerra para que os amantes de Alexandria – e a própria cidade e o solo egípcio – conhecessem, uma a uma, todas as setas da adversidade. Disparadas de Roma, com certeiros impactos de domínio, transpassaram as couraças mais resistentes e foram cravar-se no fundo da alma. (p.279) (…) Enquanto Otávio consagrava suas noites à vigília, preparando até o último detalhe uma operação cujo alcance era muito mais vasto que a justificativa da guerra permitia adivinhar, os amantes convertiam suas noites em um prolongamento esplendoroso dos fatos que conheceram em Alexandria. A frota egípcia, unida a de Antônio, navegou para o lugar de batalha, porém os dois decidiram bendizer o tempo detendo-se em lugares mais prazenteiros. E, graças à maturidade dos amores, a ilha de Samos conheceu os seus melhores dias e as suas noites mais prósperas. Pois não se viu em tds os mares maior aparato de suntuosidade, maior excesso de alegria, um conjunto mais pletórico de prazeres e loucuras. Era como se Antônio consagrasse o futuro da guerra a seu deus Dionísio. “Estão mesmo seguros de sua força”, diziam os ilhéus.”Pois se gastam toda essa alegria antes de entrar em combate, o que não farão quando obtiverem a vitória?” A alegria, contudo, tornou-se dor no litoral onde eclodiu a guerra. E os egípcios puderam dizer: “Áccio, nome maldito para sempre nos altares de Alexandria. (…) Áccio, gigantesca hecatombe onde os amantes jogam a carta inesperada que já não há de decidir o curso de seus amores, mas a morte do mundo que os protegia.” (p.280-281) (…) E em numerosos pontos da Grécia as multidões inflamadas haviam derrubado a golpes de maça as estátuas de Antônio e Cleópatra. Em outros pontos, mais próximos do campo de batalha, dizia-se que os oficiais começavam a desertar suas fileiras, passando para as de Otávio, porque os incomodava a constante irrupção da rainha nos planos de batalha e nas relações com os soldados… (p.281) 🐜🐜🐜🐜🐜🐜🐜🐜🐜🐜🐜🐜 🐜🐜

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