Buda, certa vez, se preparava para proferir um sermão a seus discípulos. Enquanto esperava todos se assentarem, ele percebeu uma flor florescendo num pequeno lago lamacento ali perto. Ele a segurou bem alto para que todos os estudantes pudessem vê-la e, por um longo tempo, ele a sustentou dessa forma, não dizendo nada, apenas admirando- a e olhando para as faces vazias de sua audiência. Horas se passavam. De repente, um discípulo sorriu. Ele gargalhava! O que Mahākāśyapa compreendeu? Foi naquele instante que ele se iluminou e todos querem saber. Por séculos se perguntam: “Qual a mensagem que o Buda passou para Mahākāśyapa?” Alguns dizem que a raiz, o caule e a flor representavam os três mundos: o subterrâneo, a terra e o céu, e que o Buda estava dizendo que ele podia segurar toda a existência na palma de sua mão. Talvez… Alguns dizem que a raiz, o caule e a flor significavam a base, a coluna e a coroa do sistema de chakras do yoga, e que, levantando a planta, o mestre estava defendendo essa disciplina… Outros dizem que ele estava pronunciando o Grande Mantra, “Mani Padme Hum”, ao contrário. Humm… Mas a verdade é que os grandes mestres dispensam qualquer palavra. A própria presença física já transmuta o ambiente, transmite em sentimentos e em sensações toda a lição do dia. Muitas vezes falamos o que não queremos dizer, e grandes mestres transpõem esse tipo de dificuldade como se nem existisse! No Ch’an se sabe apenas uma coisa: a Iluminação não vem como um dicionário e a ponte para o Nirvāna não é composta de frases. O velho mestre Lao-tzu, uma vez, escreveu: “O Dao (Tao) que podemos falar não é o Dao que queremos dizer.” O Buda falou, em silêncio, naquela ocasião um ensinamento que ninguém precisaria tomar notas e que, talvez, para entender era preciso estar aberto, atento e preparado… Alguém assim estava, um único discípulo que se iluminou.
🐜Fonte: ▫Site Olhar Budista https://www.google.com/amp/s/olharbudista.com/2018/11/05/o-sermao-da-flor-do-buda/amp/ Trecho do livro “Nuvem Vazia: Os Ensinamentos Zen” de Hsü Yun (Cap. IV). Edições Nalanda.
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